segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Você entende o que canta? - Análise de "Não Posso Explicar"

Não Posso Explicar (Henry Maxwell Wright)


Mais perto de Jesus, procuro sempre eu chegar
Mais belo que o ouro do Sol nado é a Ti mirar
Em pensamento, sonhos, tanta glória nunca vi
Pois Ele é mais belo do que eu jamais previ!

Não posso explicar
Quão meigo é Jesus
Mas, face a face, no Teu lar
Eu Te verei, Jesus!

A estrela resplendente da manhã é minha luz
O lírio dos vales é o bom Senhor Jesus
Suave e doce é o cheiro que só vem de Ti
Pois Ele é mais belo do que eu jamais previ!

Se mágoas vêm me perturbar, o bálsamo Ele tem
Me toma nos Seus braços e, assim, descanso bem
Na cruz levou Jesus o meu pecado sobre Si
Pois Ele é mais belo do que eu jamais previ!


Vou me ater aos seguintes versos:

Mais belo que o ouro do Sol nado é a Ti mirar

O que quer dizer "o ouro do sol nado"?

Segundo o Priberam:
(latim natus, -a, -um)
adjetivo
1. Que já nasceu. = NASCIDO, NATO
2. Que já está no horizonte (ex.: sol nado).

Ou seja, a expressão diz respeito à beleza dourada do sol nascente (acredito que, levando só em consideração a definição 2, sol nado também pode ser referir ao ocaso). Assim, o verso quer dizer que é mais belo contemplar Jesus do que o nascer do Sol.

O lírio dos vales é o bom Senhor Jesus

Aqui temos um possível erro exegético. Há uma corrente que interpreta os personagens principais (os noivos) do Cântico dos cânticos como representações de Jesus e a Igreja. O detalhe é que há passagens deste belo poema em que o narrador é o noivo, noutros a noiva, e quem está falando no capítulo 2.1 "Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales.", é a noiva. É claro notar que o noivo termina sua parte em 1.11. À partir do versículo 12, "Enquanto o rei está assentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume." obviamente é a noiva quem começa a narrar, e vai até o final do capítulo 3.

Por fim, o 3º parágrafo me parece um pouco confuso, aparentemente sem coesão: ele conclui que Jesus é bálsamo para mágoas, descanso, e que morreu na cruz... porque ele é belo. Não me parece fazer sentido, nem ser o real motivo para o Senhor ser e fazer tais coisas, mas para ser solidário com o poeta, vou dizer que ele usou o termo beleza aí, como sinônimo do amor divino, que, de fato, é incomparavelmente belo.

O que acham? Deu pra entender? Restou dúvidas?